segunda-feira, agosto 10, 2015

Rolling Stones – Voodoo Lounge (1994)





Embora tenham realizado bons trabalhos com Bridges to Babylon (1997) e A Bigger Bang (2005), Voodoo Lounge é, até então, o último grande disco de estúdio dos Rolling Stones, capaz de figurar ao lado dos álbuns clássicos de sua carreira como Sticky Fingers (1971) ou Exile On Main St. (1972), por exemplo. Às vésperas de embarcaram numa monumental turnê mundial que viria a ser tornar a mais lucrativa da história, eles conseguiram o que toda banda projeta nessa situação, ter um álbum de sucesso tocando nas rádios. Pelo menos nos idos de 1994, isso ainda era fundamental antes da banda cair na estrada. (Tive o prazer de conferir um show dessa turnê. Exatamente o primeiro da banda no Brasil, realizado no Pacaembu em janeiro de 1995, mas isso fica para outra postagem).

As quinze músicas que constam no CD foram extraídas de uma lista de cerca de 70 canções que a dupla Jagger-Richards compôs para o trabalho. O resultado foi um álbum duplo primoroso. Começando pela faixa de abertura “Love Is Strong” puxada pela bateria de Charlie Watts anunciando a banda com a marcante guitarra de Keith Richards, o slide de Ron Woods e a gaita maliciosa tocada por Mick Jagger. A banda não foge de sua temática principal: canções de amor... ou melhor canções de sexo com um pouquinho de amor. Assim também é “You Got Me Rocking”, o rock rascante e pulsante que surge em seguida. No baixo, a novidade é o músico Darryl Jones, contratado depois da saída de Bill Wyman, membro original da banda. “Sparks Will Fly” mantém o pique “pra cima” do disco em mais um rock acelerado. O tradicional solo vocal de Keith Richards é também a primeira balada do disco, “The Worst”. Uma das melhores canções da discografia da banda com Keith nos vocais. O colorido extra da música fica por conta do pedal steel tocado por Ronnie Woods e o violino de Frankie Gavin. Jagger volta aos vocais também na balada “New Faces”, outro bom momento do disco, aonde o cravo tocado por Chuck Leavell é que dá a tônica. “Moon Is Up” afina um pouco a banda com a sonoridade da época, porém nada que faça a banda perder suas características. “Out Of Tears” retorna ao universo das baladas, dessa vez com o piano na condução. “I Go Wild” mostra a agressividade clássica da banda com pulsação forte e, não dá pra fugir do trocadilho, selvagem. Uma guitarra melindrosa com wah-wah tocada por Keith apresenta “Brand New Car” e somada ao sax de David McMurray fornecem o charme e particularidade da faixa no disco. Com um clima bem latino, “Sweethearts Together” vem com o acordeom de Flaco Jimenez e violão de nylon. O roquinho suingado “Suck In The Jugular” talvez seja a faixa menos inspirada do álbum, mas é imediatamente compensada por “Blinded By Rainbows”, outra grande balada, dessa vez com uma bela guitarra com efeito de tremolo em primeiro plano, mostrando a versatilidade e bom gosto de Keith Richards que não nos deixa esquecer a importância de uma boa guitarra base e como fazer uma textura eficiente com o instrumento. “Baby Break It Down” é uma amostra do lado rythm’n’blues dos Stones. Keith reaparece nos vocais em “Thru and Thru”, mais uma bonita balada na qual ele  também realiza outro interessante arranjo de guitarra numa linha mais blues. O fôlego final vem na faixa “Mean Disposition” na qual a banda acelera o ritmo novamente lembrando que o Rock'n'Roll não pode parar. Produzido por Don Was e os Glimmer Twins (codinome da dupla Jagger-Richards), “Voodoo Lounge” é um daqueles discos de rock para se ouvir em volume alto, e o vizinho que tenha paciência, ou agradeça por você ter bom gosto pelo menos!

O disco tem um instigante projeto gráfico com a capa estampando um desenho do que seria o “Voodoo Lounge”. Nome dado por Keith Richards a um gato de rua que ele adotou e que ficava no estúdio enquanto a banda gravava. No encarte a banda aparece em fotos com suas imagens avermelhadas e num fundo preto que nos leva a pensar num ambiente de pecado, seja um rendez-vouz, ou seja o próprio inferno que aparece de forma explícita num extrato da foto de Jac Remise intitulada “Satan’s Play Room” (sala de jogos de Satã) presente em seu livro “Satan’s Daily Life In The 19th” (Diário da vida de Satã no Século XIX), no qual várias caveiras se divertem num ambiente de jogatina. A língua símbolo da banda aparece em nova versão na contracapa, agora prateada e cheia de espinhos.




Entregando a idade: quando terminava de escrever a resenha em questão, lembrei que durante muito tempo ouvi esse disco através de uma fita K7 que gravei de um CD alugado. Os mais jovens talvez nunca tenham ouvido falar em locadora de CDs, mas isso existiu por um breve período em meados dos anos 1990.

3 comentários:

  1. Vou comentar no post do lendário show de 95...Eu te mato se vc esquecer dos companheiros da ocasião, e o pai bêbado cantando satisfaction!kkkk

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  2. Como poderia esquecer dos amigos e companheiros de tal saga,e ainda o pai que ajudou o Miti Jueger a compor Satisfaction? hauhauha

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  3. https://www.facebook.com/buttinaveia/

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