segunda-feira, dezembro 30, 2013

Roberto Carlos – Remixed 2013



Infeliz. É a palavra mais leve e suave, que eu, grande admirador do trabalho de Roberto Carlos consigo usar para avaliar seu mais recente disco. Anunciado há tempos, a investida de RC num disco todo de remixes já me dava sinais que não seria dos seus trabalhos mais interessantes, começando pela escolha equivocada de algumas músicas a serem remixadas. Canções como “Fera Ferida” e “O Portão” definitivamente não tem nada a ver com as levadas dance às quais tentaram imprimi-las. A idéia de se fazer remixes das músicas de Roberto não é nova, lembro de um primo meu que era DJ e nos anos 1990 já havia feito um remix de “Todos Estão Surdos” e apesar de ter sido feita de forma amadora soava bem mais interessante que todo o EP lançado esse ano, até porque a música se prestava a esse tipo de intervenção, assim como acredito que outras também seriam melhor exploradas, especialmente gravações do período da Jovem Guarda e da fase soul music do Roberto, aonde as suas interpretações e arranjos tinham uma pegada mais forte com uma energia que combinariam mais com o estilo dance. Mesmo tentativas do próprio Roberto nessa área já foram mais felizes há alguns anos como o remix de “Se Você Pensa” feito em 1994 pelo mesmo DJ Memê responsável pelo atual remix de “Fera Ferida”, mas que foi lançada apenas como um single para as rádios, assim como o mix de várias faixas dos anos 1960 que também não foi parar em nenhum dos seus discos de carreira, mas foi usado como divulgação nas rádios em 2004 na ocasião do lançamento de seu primeiro Box com os discos gravados por ele entre 1963/1969. Vale lembrar que em seu disco de 2002, Roberto incluiu remixes de duas músicas, “Se Você Pensa” novamente com arranjo de Memê e "O Calhambeque”. Devido a pouca, para não dizer nenhuma aceitação desses trabalhos, ele já deveria ter percebido que não rolou, não deu certo. Nesse quesito admito que “É Proibido Fumar” com remix do DJ Mau Mau foi a que funcionou melhor, justiça seja feita. Completa o EP a música “É Preciso Saber Viver” com um efeito na voz de Roberto de tremolo e uma equalização aguda que cria uma sonoridade bizarra que jamais pensei que o cantor permitisse ser lançada e o trio Dexterz, formado por Julio Torres, Amon Lima e Junior Lima, responsável pelo remix, ainda dá uma plagiadinha no remix de “A Little Less Conversation” feito com a gravação de Elvis Presley em 2002.

Acho louvável que ele tente explorar novos caminhos para sua música, mas por mais diferente que possa aparentemente ser, não consigo ver esse disco como uma investida real nisso. É contraditório, mas ao invés de uma novidade, o disco soa como mais um relançamento de grandes sucessos como os artistas que ainda pertencem a uma grande gravadora tem feito já há mais de uma década no Brasil com o receio de lançar material inédito e não ter aceitação no mercado e apostando na passividade do público. Além das canções no repertório nada convenientes à remixes, a interpretação dele também não combina com as levadas das músicas. Foi traumático vê-lo num programa de TV cantando duas dessas canções ao vivo, aquela sensação de que ele está cantando uma música e que a base instrumental tocada é de outra canção e isso ainda amplificado pelo fato da voz do cantor ficar num plano bem mais alto que a sua banda, nesse caso deveria ser observado que para soar com o peso da música eletrônica, o instrumental deveria ficar mais alto para dar o destaque necessário às batidas características do estilo, no cd em si esse detalhe é amenizado. Roberto que é um mestre da interpretação nos mais variados estilos com uma versatilidade que nunca vi em nenhum outro cantor, seja cantando rock, pop, samba, bolero, tangos, jazz, fado, definitivamente não tem o feeling para a música eletrônica, e sua postura no palco também não ajuda nenhum pouco nesse caso.

Se a intenção é conquistar o público da música eletrônica e das baladas, já deu errado, as pessoas não irão dançar ao som de um “Portão” remixado, não vai tocar na noite, não vai ser sucesso nas baladas e para piorar por outro lado o disco também não deve agradar (e eu já sei que não agradou) aos seus fãs de sempre. Se ouvisse seus próprios trabalhos com mais atenção RC poderia observar que seus dois grandes discos nos últimos 15 anos foram o Acústico e o álbum com Caetano Veloso cantando a música de Tom Jobim. Mesmo as canções inéditas com maior aceitação do público, que é a primeira coisa que ele pensa ao lançar um trabalho, foram aquelas que não fogem muito ao seu estilo característico, “Te Amo Tanto”, “Amor Sem Limites”, “Pra Sempre” e a mais recente “Esse Cara Sou Eu”. Poderia ser um caminho a se investir, a gravação de canções de outros compositores que ele gosta ou o tão esperado disco de inéditas feito com o capricho que ele e os fãs merecem. Pode ter certeza que aqueles fãs que fazem questão de manter sua discografia completa comprarão esse Remixed, ouvirão uma vez e o deixarão descansar eternamente na estante sempre optando por outros discos quando quiserem ouvir essas mesmas canções.

Outra coisa que definitivamente não cola no Remixed é a capa, Roberto quis fazer um disco diferente, mas se esqueceu (ou teve medo de arriscar) que a capa deveria acompanhar isso, no mínimo ele deveria ter feito uma capa mais alternativa, com outros motivos que não a sua foto simplesmente como se fosse um de seus discos tradicionais, não sei até que ponto a responsabilidade é totalmente dele e até aonde vai uma má orientação dos profissionais que o cercam, mas acredito que a análise dos resultados de trabalhos como esse o levarão a procurar a velha qualidade que ele tinha e que anda sendo deixada de lado na tentativa de se enquadrar ao que está rolando no momento sendo que em nada combina com ele. Ele conseguiu fazer isso com muita competência com o rock nos anos 60, com a soul music nos anos 70, com o pop dos anos 80. Espero que ele reencontre seu caminho o mais breve possível. Seu público clama por isso.

No mais, um ano-novo maravilhoso para todos.

quinta-feira, dezembro 12, 2013

Ana Rennó e Robert Moura + convidados - Bachianérrima, A Festa - 14/12 (sábado)



Essa semana tem novo show meu com a cantora Ana Rennó com quem venho desenvolvendo um trabalho baseado na música brasileira, dessa vez teremos a participação de dois convidados, Francisco Falabella no contrabaixo e Carlos Souza na percussão. Vamos priorizar exclusivamente a parte do nosso repertório dedicada ao samba, incluindo canções de Cartola, Noel Rosa, Ataulfo Alves, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Benito di Paula, Adoniran Barbosa, Monarco, Geraldo Pereira, Caetano Veloso, Chico Buarque, entre outros. 

O show ocorre em função da festa Bachianérrima, promovida pelo Diretório Acadêmico da Escola de Música da Universidade do Estado de Minas Gerais e que além do nosso show vai receber as bandas: Afuzel (Rock Brasil anos '70), Glitter Stripper (Hard Rock), Cláudia Manzo (música latino-americana) e Tempero Son Cubano (música latina).

A festa começa às 19h, e será no Espaço das Brigadas Populares, avenida Francisco Sales,
(próximo ao viaduto do Extra) no bairro Floresta.

Está feito o convite
!

Local: Brigadas Populares
Endereço: Av. Francisco Sales, 531, Floresta
Data: 14/12
Horário: 19h
Convite: Antecipado: R$15,00 aluno da UEMG e R$20,00 não aluno.
                Na hora:      R$20,00  aluno da UEMG e R$25,00 não aluno.

Info:  9653-0105 /8546-4608/ 9612-8990/9399-5701/9822-1901